Estávamos lá. Compartilhando de um momento que eu não haverá antes compartilhado nem com a pessoa que me é mais íntima. Foi um momento tão unico, tão nosso. Triste e ao mesmo tempo de uma demonstração de afeto tão intensa. Fitava-me por baixo, segurava-lhe pelo membro superior, segurava forte, seus olhos, olhos caídos e já cheios de lágrimas, como num ultimo suspiro, um ultimo pedido de ajuda, me suplicavam para ficar, e eu não saí, não sairia do seu lado por motivo algum, tentava esconder que sentia medo, não podia tranparecer isto, não agora, queria poder dizer-lhe que tudo ficaria bem, na verdade, prometi-lhe isso, mas ambos sabemos que não possuo esse poder. Precisava de força para mostrá-la que deveria tâ-lá também. Por dentro porém, sentia-me arrasada e tomada pelo medo. Seus olhos me falavam tudo que sentia, a dor, eu enxergava a dor e por mais estranho que possa parecer eu entendia e de certa forma, com tal ligação que havia entre nós naquele momento, sentia também. Por horas ao seu, me senti tão frágil, tão pequena, até que se ouve uma voz que para mim soou cruel.
- Para que isso? é só um cachorro!
Não pude sentir raiva, naquele momento a unica coisa que consegui sentir foi desprezo.
- Não trata-se apenas de um cachorro, e sim de uma vida, que para mim, vale muito mais que a sua. Dei-lhe a resposta que mereceu.
Então eu quem fui taxada de mal educada. Claro, se fosse uma pessoa seria diferente? Não para mim, desculpem se isto soa meio ridículo para vocês, mas muitas vezes meu cachorro me entende e me ama muito mais do que as pessoas que, cínicamente, dizem me amar, sem ao menos saber do que isto se trata e da importância que a frase "Eu te amo" possui.
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